Quem foi Hilário Jovino Ferreira?
Hilário Jovino Ferreira, conhecido como Lalau de Ouro (local de nascimento indeterminado, 21 de outubro de 1855 — Rio de Janeiro, 1 de março de 1933), compositor, letrista e agitador cultural brasileiro, pioneiro do samba e o primeiro carnavalesco.
Hilário Jovino Ferreira aparece em diversas expressões da cultura popular da cidade do Rio de Janeiro, criador do primeiro rancho carnavalesco “Rei de Ouros”, responsável pela apresentação de novidades como o enredo, o uso de cordas e instrumentos de sopro, e a sala principal e o casal porta-bandeira e outros personagens.
Filho de libertos, Hilário Jovino Ferreira nasceu na Bahia ou Pernambuco em 1855. É um fato inegável que ele cresceu na Bahia, onde estudou música e cultura afrodescendentes, e mais tarde tornou-se aprendiz de estaleiro, antes de ser transferido para o Rio 17 de junho de 1872 em de Janeiro, onde afirma ser do estado da Bahia, ele foi um dos imigrantes responsáveis por trazer o samba para a então capital do país. [5][10] Morou então no Morro da Conceição, onde encontrou um pasto chamado “Dois de Ouros”, que surgiu no Dia dos Reis. Hilário se juntou ao rancho, mas logo fundou seu próprio “Rei de Ouros”, o primeiro rancho a aparecer no carnaval. Esse fato mudou o carnaval carioca, desencadeando uma “mania” no rancho carnavalesco.
Hilário é fundador de outras fazendas como “Rosa Branca”, “Botão de Rosa”, “As Jardineiras”, “Filhas da Jardineira”, “Ameno Resedá”, “Reino das Magnólias”, “Riso Leal”, e blocos como como “A parede tem orelhas” e “O macaco é outro”. Hilário, no entanto, se destacou na malandragem e chegou a pegar um dia de prisão por ameaça – ao senhorio que lhe cobrou multas por atraso – e lesão corporal pelo golpe de Capoeira na polícia que o perseguia.
Frequentador da casa de Tia Ciata, ele se envolveu em polêmicas em torno da chamada do samba Pelo. A música não será Tonga, mas coletivamente criada na casa da famosa Santa e Mãe Kittila. Hilário será um dos autores da música.
Ele é pai de Saturnino, um famoso gângster que trabalha na Praça Onze. Era tio de Heitor dos Prazeres.
Testemunho sobre a criação de “Ranches”
Em entrevista de 1930 (Domínio Público), o então tenente Hilário relatou a aparição do rancho durante o carnaval carioca: , entre Imperatriz e Rue Regente, na companhia de vários baianos que ali se reuniam, quando penso na Festa dos Três Reis celebrada na Bahia naquele dia. Luiz De França, Avelino Pedro de Alcântara, João Câncio Vieira da Silva estiveram presentes e propus construir um rancho. A ideia passou e dei o nome de “Rei Dourado” ali mesmo! Enquanto isso, eu estava em frente ao boteco No armarinho turco, comprei meio metro de pano verde e meio bege e fiz um baiano faixa para o ensaio. Ninguém mais descansou. As pessoas saíam e diziam que tinha ‘chá na minha casa à noite… baile'”(…) “Na hora marcada, entre eles: Cleto Ribeiro, Gracinda, ainda vendendo doces na Caverna da Baiana, e ao lado do frontão, duas baianas influentes, Noelia. À noite, reuni as pessoas e disse o que foi o fim daquela corrida, e então o rancho foi finalmente fundado, o primeiro rancho carioca, embora o ‘Dois de Ouros’ já existisse, mas não tivesse organização própria.” (…) “… …O Rei do Ouro – Vagalume, atuou com a organização perfeita da fazenda, e deu certo! Nunca vimos no Rio: porta-bandeiras, machadeiros, escoteiros, etc.” (…) “Essas coisas eu costumo cultivar. ) Este é o terceiro ano que fundo o ‘Rosa Branca’ (. ..) O segundo ano que fundo o ‘Botão de Rosa’…”
Doença e Morte
Em janeiro de 1933, Hilário deixou de frequentar os bailes carnavalescos, inclusive as entidades que hospedava, porque “se sentia mal”. No dia 28 de janeiro, o jornal Diário Carioca republicou a notícia sobre sua doença: “Antes dos dias loucos, a nota triste da época é que a doença se associa à estimada figura do velho carnavalesco Juntos. À sua cama. Hilário Jovino Ferreira…”
Por fim, em 2 de março, o Diário Carioca publicou: “Morreu na primeira hora de ontem, quinze minutos depois da despedida de Momo, esse monarca sem nobres pretensões, que o serviu desde a juventude, meu querido Veterano carnavalesco Hilário Jovino Ferreira” e também disse: “Baiano, filho daquela região do Brasil, nossa festa popular começou com ‘cordões’, ‘ternos’, ‘ranchos’, ele veio para o Rio e trouxe o estilo típico do carnaval em seu país de origem”, acrescentando: “Seu funeral levou lugar às 17h e ele foi acompanhado por um grande número de amigos e carnavalescos”. Foi sepultado no Cemitério São Francisco Xavier.