Rui de Pina, quem foi ele?
Rui de Pina (Guarda, 1440 — 1522 – Guarda, 1522) foi um cronista e diplomata português.
Ao serviço de D. João II. foi-lhe confiada várias missões diplomáticas, entre as quais o Vaticano e a representação dos interesses portugueses em Barcelona, após a viagem de descobrimento de Colombo destaca-se, tentando delinear, durante as negociações este já prenúncio do Tratado de Tordesilhas, os domínios destinados a Portugal e os destinados a Espanha.
O nono cronista-mor do reino, guarda-mor da Torre do Tombo e da biblioteca régia, foi nomeado por D. Manuel em 1497, cargo que exerceu até à sua morte em 1523. A atividade da crónica desenvolveu-se pelo menos a partir de 1490, dat. em que D. João II. concedeu um contrato de arrendamento para escrever e registrar nossas gloriosas ações e nosso reino.
Por vezes é acusado de usar algumas das crónicas desaparecidas de Fernão Lopes.
Mas de todas as polémicas em torno da sua extensa obra, dos seus méritos como historiador cuja voz apoiou fundamentalmente a versão oficial dos acontecimentos históricos aos problemas decorrentes da estrutura e das fontes das suas crónicas, só se pode concluir que a obra de Rui de Pino não mas mereceu um estudo exaustivo que incluísse também um estudo estilístico comparativo de suas crônicas e textos de autores dos quais ele é suposto plagiador ou recompilador[2].
Na “Toponímia Histórica da Guarda”, Virgílio Afonso menciona os restos do túmulo do cronista encontrados na antiga igreja de Nossa Senhora do Mercado da Guarda, que se situava no extremo (oeste) da que hoje se chama Rua. Augusto Gil[3] .
Ele escreveu crônicas de vários reis e adotou um ponto de vista que destacava suas realizações.
Crónica de D. Sancho I
Crónica de D. Afonso II
Crónica de D. Sancho II
Crónica do Rei D. Afonso III
Crónica de El-Rei D. Dinis
Crónica de D. Afonso IV
Crónica de El-Rei D. Duarte
Crónica do Rei D. Afonso V
Crónica de D. João II
As crónicas de D. Sancho I a D. Dinis foram editadas em Lisboa entre 1727 e 1729 por Miguel Lopes Ferreira; três crónicas de D. Duarte, D. Afonso V. e D. João II. foram publicadas entre 1790 e 1792 nos Inéditos de Historia Portugueza da Academia das Ciências, em edição prefaciada e organizada por Correia da Serra.
Quanto à Crónica de D. Afonso IV, foi impressa em 1653 em Lisboa por Paul Craesbeck, segundo os manuscritos organizados por Pedro de Mariz, funcionário da Torre do Tombo. Estas edições confirmam nas suas introduções e até licenciam o testemunho de Damião de Góis na Crónica de D. Manuel, segundo o qual nem todas as obras que lhe são atribuídas seriam da sua autoria.
No prólogo à Crónica de D. Sancho I, o cronista propõe-se continuar a obra iniciada por Duarte Galvão com a Crónica de D. Afonso Henriques e fazer uma crónica dos sete primeiros reis de Portugal, recordando as dificuldades acrescidas desta tarefa, dada a falta de recursos que justifica a falta anterior de crônicas organizadas sobre o mesmo assunto: restam apenas algumas lembranças, cartas confusas e grandes dúvidas. De facto, estas crónicas, segundo Damião de Góis, seriam construídas a partir dos desenhos de Fernão Lopes, refazendo a Crónica Geral do Reino escrita pelo primeiro cronista e supostamente correspondendo à Crónica de Portugal de 1419 .
Quanto às crónicas de D. Duarte e de D. Afonso V., presume-se que também tenham a mão de dois autores ou pelo menos se baseiem nas memórias deixadas por Gomes Eanes de Zurara.
De todas as crónicas assinadas por Rui de Pina, a Crónica de D. João II é a mais precisa, visto que o cronista foi actor e testemunha de alguns dos acontecimentos que narra. Contra o estilo lacónico e conciso das crónicas anteriores (com exceção da Crónica de D. Afonso V), o autor apresenta uma narrativa mais viva e documentada.