Quem são os Caetés?
Os Caetés ou Kaeté, são um antigo povo indígena de língua Tupi do Brasil que habitou a costa do Brasil entre a Ilha de Itamaraca e o Rio São Francisco no século XVI. São 75.000 pessoas.
A área que habitavam era limitada ao norte pelas terras dos potiguaras e ao sul pelas terras dos tupinambás. Aliaram-se a mercadores franceses que percorriam a costa do Brasil no século XVI, e assim se tornaram inimigos dos portugueses.
Os caetés foram escravizados pelos portugueses antes da sua extinção e eram usados como mão-de-obra para o cultivo da cana-de-açúcar.
“Caeté” é derivado do termo tupi antigo kaeté, que significa “floresta verdadeira, floresta primitiva que nunca foi derrubada” (ka’a, mata + eté, verdade).
Produção, hábitos e culturas
Em liberdade, os caetés são excelentes pescadores e caçadores. Na pesca, usavam redes, anzóis e arpões feitos de osso. Na caça, eles usam arcos e armadilhas para capturar pássaros e mamíferos. Eles comem peixe e carne grelhados ou grelhados na brasa.
Eram canoeiros costeiros e por isso são considerados um dos povos canoeiros e construtores de tais embarcações. Eles tecem redes, cochos esculpidos e cabaças usadas como pratos e xícaras. Fazem cestos de palha com bananas e palmeiras, além de utensílios e panelas de barro.
São agricultores, cultivando milho, feijão, fumo e mandioca. Eles também comem frutas e outras raízes, como batatas e inhame.
Canibalismo e extinção
Em 1549, os índios Caetés atacaram a aldeia de Igarassu em Pernambuco. Gravura de Theodor de Bry no livro Duas Viagens ao Brasil de Hans Staden.
Os índios desta comunidade, assim como outros grupos indígenas brasileiros, praticavam o canibalismo ritual e consumiam – na verdade abatidos, mas o consumo posterior é controverso – Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil, e Grande (Ceará) Antônio Cardoso de Barros, o donatário do Siará, cujo barco de volta a Portugal naufragou com uma centena de outros vagabundos no porto do rio Coruripe, onde hoje é o estado de Alagoas. O evento ocorreu em 1556.
Em sua época, o evento provocou a ira da Igreja Católica e da Inquisição. Em 1562, após serem acusados de devorar bispos, eram vistos como “inimigos da civilização” e, com o apoio da Igreja Católica, eram alvo de implacável perseguição por parte do governador português, Mem de Sá, que ordenou que “todos os Indivíduos sejam escravizado, sem exceção.”
Como resultado, os caetés foram extintos em cinco anos.
Pesquisas recentes questionam se o bispo Pero Sardinha foi realmente devorado pelos indígenas, pois esses relatos são marcados por uma intenção de condenar os caetés e escravizá-los.
A verdadeira causa da morte do primeiro bispo do Brasil pode ter sido a vingança do vice-rei Duarte da Costa e seu filho Álvaro da Costa, que poderia ter orquestrado tal crime e condenado os caetés. Álvaro da Costa era um homem violento que usava a força principalmente para intimidar os índios a fazerem sexo com mulheres indígenas. O bispo Sardinha teria denunciado as ações de Álvaro da Costa durante um de seus sermões, o que levou ao início de confrontos entre o bispo e o governador.
A herança
Em 2018, os botânicos brasileiros James L. Costa-Lima e Earl Celestino de Oliveira prestaram homenagem aos índios da tribo Caetés, agora extinta, nomeando uma nova espécie de planta [9]. A espécie, denominada Eugenia anthropophaga Costa-Lima & E.C.O. Chagas, pertence à família Myrtaceae, mesma família botânica da goiabeira e da acerola. O autor cunhou o nome específico do grego anthropos (“povo”) e phagein (“comer”), referindo-se ao canibalismo pelo qual Caetés é conhecido. Esta planta ocorre na região da Mata Atlântica do litoral de Alagoas, e sua distribuição geográfica é um pouco semelhante à de Caetes no passado.