Quem foi Bartolomeu Lourenço de Gusmão?
Bartolomeu Lourenço de Gusmão, SJ (Santos, dezembro de 1685 – Toledo, 18 de novembro de 1724), apelidado de Padre Voador, foi um padre secular, cientista e inventor luso-brasileiro, nascido em Santo Capitão Vicente, a inventar o primeiro dirigível de combate, que ele chamou de “passageiros”.
Em 19 de dezembro de 1685, foi simplesmente batizado pelo padre Antonio Correa Pérez na igreja paroquial da vila de Santos, com o nome de Bartolomeu Lorenzo. É o quarto filho dos cirurgiões Francisco Lourenço Rodrigues [3] e Maria Álvares. Mais tarde, em 1718, adotou o apelido de “de Gusmão” em homenagem ao seu mentor e protetor, o jesuíta Alexandre de Gusmão.
O casal teve doze descendentes, seis rapazes e seis raparigas, um dos quais, Alexandre de Gusmão, viria a ser um importante diplomata durante o reinado de D. João V. A maioria de seus irmãos escolheram ou foram orientados por seus pais a se dedicarem à vida da igreja, incluindo Bartolomeu.
O menino estudou sua primeira carta, provavelmente como capitão em San Vicente, na Academia San Miguel, a única instituição de ensino da região na época. Prosseguiu seus estudos na capitania da Baía de Todos os Santos. Lá, ingressou no Seminário de Belém de Cachoelas, onde iniciou uma profícua carreira de inventor.
O prédio fica em uma colina de 100 metros de altura com um abastecimento de água instável que deve ser coletado do pântano abaixo e transportado em tanques. Consciente desse problema, Bartolomeu habilmente planejou e construiu um mecanismo para transportar água do pântano para o seminário por meio de uma longa tubulação. A invenção foi testada com absoluto sucesso e foi considerada admirável e muito útil, até mesmo pelo reitor e fundador do seminário, o famoso padre Alexandre de Gusmão.
Após concluir seu curso no Seminário de Belém em 1699, Bartolomeo mudou-se para Salvador, a capital do Brasil na época, para ingressar na Companhia de Jesus, e deixou lá antes de ser ordenado em 1701.
Viajou para Portugal, onde ficou conhecido pela sua extraordinária memória, e viveu em Lisboa, na casa do 3º Marquês de Fontes, onde se impressionou com os dons intelectuais do jovem. Ele tinha apenas dezesseis anos na época.
Em 1702, Bartolomeu retornou ao Brasil para iniciar seu processo de ordenação. Três anos depois, ele solicitou à Câmara de Comércio da Bahia a patente de um dispositivo que havia inventado anos antes – uma invenção que permitiria que a água subisse tão alto quanto você quisesse. A patente foi emitida pelo rei Dom João V em 23 de março de 1707. Esta foi a primeira patente de invenção concedida a um brasileiro.
Em 1708, Bartolomeu, já ordenado sacerdote, partiu novamente para Portugal. Pouco depois da sua chegada, a 1 de dezembro, matriculou-se na Faculdade de Direito Canónico da Universidade de Coimbra. No entanto, passados alguns meses, abandonou a universidade e fixou-se em Lisboa, onde foi calorosamente recebido pelo rei D. João V da Áustria e pela rainha Maria Ana, e apresentado ao monarca por um dos maiores fidalgos da corte, D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Menezes. Aquele homem não era outro senão o 3º Marquês de Fonte, o homem que o trouxe para casa durante a sua primeira estada em Portugal.
Na capital portuguesa, o padre Bartolomeu Lourenço requereu uma patente ou “pedido de privilégio[1]” para um “instrumento para andar no ar” – que veio a ser o hoje chamado dirigível ou balão – que foi emitido em 1709 Concedido em 19 de abril de 2008. [5] Este fato causou alvoroço na cidade, e a notícia logo chegou a alguns reinos europeus. A invenção se espalhou pela Europa em gravuras peculiares, geralmente representando um barco em forma de pássaro conhecido como “Passarola”.
Não só no estrangeiro, o seu prestígio intelectual deve ter crescido consideravelmente, pois foi ordenado capelão nobre da família real portuguesa em 1722.
Passarola
A primeira ilustração de Passarola foi efectivamente criada por D. Joaquim Francisco de Sá Almeida e Meneses, filho mais velho do 3.º Marquês de Fonte, com a aprovação tácita de Bartolomeu. O 8º Conde de Penaguião e futuro 2º Marquês de Abrantes, aos 14 anos de idade em 1709, era aluno de matemática do padre e era o único a ter acesso livre ao piquete onde estavam guardados os aparelhos voadores. Como o menino era constantemente assediado por curiosos que não paravam de lhe perguntar sobre a invenção, ele decidiu, para não ser incomodado novamente, fazer o desenho exótico da Passarola, em que tudo era deliberadamente falsificado. De acordo com o verdadeiro princípio inventivo – o princípio de Arquimedes – ele atribui a ascensão do dispositivo ao magnetismo, a resposta para quase todos os mistérios científicos da época. Desta forma, ele espera proteger melhor os segredos dos guardas que lhe foram confiados e evitar bisbilhoteiros. Comunicou o plano a Bartolomeu, que o aprovou e fingiu deixar escapar os desenhos por descuido. Passarola, aparentemente inspirada em alguma fauna mítica das lendas brasileiras, acabou sendo copiada rapidamente e logo se espalhou pela Europa em várias versões, para o riso de ambos os mentirosos.
Anos depois, o poeta italiano Pier Jacopo Martello (1625 – 1727) descobriu toda essa trama e a revelou na edição de 1723 de Versi e prose, na qual detalhou as tentativas humanas de voar, do mais antigo ao mais recente.
Experiência de balão
Bartolomeu de Gusmão apresenta o seu protótipo a D. João V.
Finalmente, em agosto, Bartolomeu Lourenço realizou cinco experiências com pequenos balões que fez na corte portuguesa: a primeira na Casa do Forte, no dia 3, com um protótipo que pegou fogo antes de subir; a segunda, 5 In outra parte do palácio, a casa real, o dirigível, fornecia álcool ardente no fundo da taça, subiu para 4 metros, e quando ainda estava no ar começou a arder, foi imediatamente derrubado por dois servos armados do clube, com medo As cortinas do quarto estavam pegando fogo; a terceira vez foi feita no dia 6, e novamente na Casa do Forte, com uma vela acesa dentro do balão, que fez um voo curto bem sucedido mas queimou na aterrissagem; no quarto dia, no dia 7 Feito no Terreiro do Paço (hoje Praça do Comércio), o balão subiu a grande altura e pousou lentamente após alguns minutos; no quinto e oitavo dia, na sala de audiências do Palácio Real, o globo subiu a o teto da sala pairou ali, e finalmente desceu suavemente.
Em 3 de outubro de 1709, na ponte da Casa da Índia, o padre demonstrou novamente a invenção. O equipamento utilizado é maior que o anterior, mas ainda não pode transportar pessoas. O experimento foi um sucesso absoluto: o dirigível subiu alto, flutuou por um período de tempo imensurável e depois pousou sem bater.
Cinco testemunhas registraram essas experiências: a facção vermelha italiana Michael Zizil Arti, o papa eleito em 1721, os escritores Francisco Redil Freira e José Pesa Reis Salva, nomeados para a Real Academia Histórica Portuguesa em 1720, foi José da Cunha Brochado e o cronista Salvador Antônio Ferreira, português.
Em 1843, o escritor Francisco Freire de Carvalho disse que soube por meio de um velho chamado Timóteo Lecussan Verdier que o balão havia partido com a ajuda do diplomata português Bernardo Simões Pessoa. A Torre de São Roque caiu. Ao longo da costa da Cotovia atrás de S. Pedro d’Alcântara. Segundo Carvalho, Verdier, por sua vez, assegurou-lhe que o próprio Pessoa lhe tinha transmitido o registo da sua ascensão antes do primeiro voo de balão, em França, em 1783.
Infelizmente, todas essas experiências, embora auxiliadas por figuras proeminentes da sociedade portuguesa da época, não foram suficientes para popularizar a invenção. Além de não serem vistos como uma inovação importante ou útil, os pequenos balões expostos por não terem qualquer forma de controle – são levados pelo vento – são considerados perigosos, pois provaram ser incendiários. Esses fatores dificultam a construção de grandes modelos tripulados.