O que são os Conselhos evangélicos?

O que são os Conselhos evangélicos?

Os conselhos evangélicos são aspectos da vida de Cristo pelos quais os religiosos cristãos vivem a restrita uniformização com Cristo, na tentativa de se tornarem “novos Cristos” para a Igreja (cristiformização). Os conselhos evangélicos são seguidos pelos consagrados mediante votos professados em institutos de vida religiosa (ordens e congregações religiosas) ou em institutos seculares. Através destes votos, os religiosos seguem as constituições dos seus respectivos institutos, vivendo os conselhos evangélicos segundo o carisma de seu grupo religioso.

Os Votos mais comuns são os votos de pobreza, castidade e obediência.

O grau de seguimento e cumprimento destes conselhos evangélicos varia de instituto para instituto, sendo as ordens religiosas mais austeras, onde os Votos são professados solenemente. Isto em oposição às congregações religiosas, que só obrigam os seus membros a professarem os votos na sua versão mais simples. A diferença mais marcante destas duas versões está no cumprimento do voto da pobreza.

Os tipos
Os mais comuns votos professados são três:

Pobreza — seguindo Cristo que sendo rico e todo-poderoso se fez pobre por amor incondicional aos homens. Logo, por meio deste voto, os que prometeram cumpri-lo não podem mais ter bens pessoais, renunciando aos bens que já tinham e dispensando tudo o que venha a ter como posse e tudo o que por força de trabalho precisarem ter é apenas propriedade do seu instituto religioso. Normalmente, esta visão é defendida pelas ordens religiosas, enquanto que as congregações religiosas têm uma visão menos austera e mais simples do voto da pobreza, permitindo assim aos seus membros a posse, mas não o uso, de bens pessoais.
Castidade (através do celibato) — cuja finalidade é os professados terem um coração indiviso para Deus, fazendo-os seguir por isso a continência.
Obediência — todo aquele que for superior de um instituto religioso ou de alguma parte do mesmo passa automaticamente a ter grande autoridade sobre os professados.

A Teologia
A teologia dos conselhos evangélicos ou a teologia dos votos religiosos nos apresenta como fundamento a teologia do coração indiviso (LG 42), pois para a vivência destes é necessário a entrega total do ser nas mãos de Deus, uma vez que a pessoa de Cristo se doa na sua totalidade.

Os conselhos evangélicos têm sua origem divina, mais exatamente, cristológica. Estão fundamentados nas palavras e exemplos de Jesus. Tem sua origem divina na doutrina e nos exemplos de Jesus, isto quer dizer, que se fundam em sua vida, em toda sua vida. A vida e a doutrina de Jesus estão na base de toda forma de vida cristã, e de maneira especial, na base da vida consagrada. Eles não são obrigados aos cristãos todos, muito menos lhes é prerrogativa de uma vida mais ou menos santa, apenas são obrigados àqueles que livremente optarem por seguir para atingirem não só a salvação (e portanto a santidade), mas também a perfeição.

Antes do Concílio Vaticano II os votos eram distribuídos na seguinte ordem: obediência, castidade e pobreza, pois a concepção destes era vista de uma perspectiva muito diferente da atual. A Obediência era a mais exigente porque era a renúncia da própria liberdade e a capacidade de dominar a vontade humana; a Castidade era a renúncia as paixões e a capacidade de dominar os sentimentos e os afetos do coração; a Pobreza era considerada a menos exigente dos três, pois era vista somente em sua realidade externa, renúncia aos bens externos e a capacidade de viver na simplicidade e com poucas coisas.

Com o Concílio Vaticano II modificou-se a visão escolástica que se tinha na Idade Média a respeito dos votos. A nova ordem é Castidade, Pobreza e Obediência, (PC 12, LG 43) por sua vez estes votos foram vistos sob seu aspecto positivo enfatizando o primado da castidade, em relação a Deus, às pessoas e às coisas.

Quanto ao juramento de pobreza, a riqueza material está fora do homem, porém, o apego à riqueza material toca as profundezas do coração, em todas as suas capacidades e potencialidades. A obediência não deixa de abrir mão da liberdade, mas não tem valor em si mesma, mas uma lente de fé profunda para buscar o bem maior e inspirar a escuta interior.

A castidade consagrada
A castidade consagrada é a consumação do amor porque o voto de castidade começa com relacionamentos emocionais e familiares, mas inclui humanidade, disciplina e limites emocionais. A palavra castidade vem do latim castitate, que significa a qualidade de uma pessoa casta. Também tem uma sensação de distância dos prazeres sensuais. Mas a palavra “consagração” usada pelo Concílio Vaticano II tem uma conotação permanente e global, a de total autoconsagração a Deus e total serviço a Ele, que é uma forma especial de consagração ao Senhor (PCI). Este juramento não é mais visto como uma mera proibição de relações sexuais, mas é analisado em um sentido mais amplo, incluindo o respeito mútuo e o seguimento próximo de Cristo na pobreza, obediência e castidade.

No Antigo Testamento, pai e mãe são essenciais. Por ser inconcebível que uma pessoa não tenha filhos, a virgindade é vista como uma desgraça. De acordo com a Torá e o Talmude Babilônico, para um homem um período de tempo definido só pode ser previsto pelo estudo da lei, caso contrário não haverá sexo. Após o exílio, o eunuco, desprezado pela sociedade judaica, teve uma nova realidade, mas Jesus de Nazaré passou a valorizar os três estados do eunuco (cf. Mt 19, 1-12). Para o reino, ele se tornou um eunuco.

Apesar da nova perspectiva do Concílio, ainda há resquícios de uma mentalidade associada às origens sacerdotais, a busca da castidade com uma visão simples dos genitais. Outra fonte antiga é a sabedoria/profecia de incluir eunucos na sociedade israelense.

A partir de então, no Antigo Testamento, uma nova visão do celibato começou, com a chegada dos essênios, e mais tarde o próprio Cristo levou a sério a escolha do celibato, pois foi feito livremente por amor ao reino. Hoje, a castidade consagrada deve ser entendida em seu sentido mais amplo, como forma de abrir relações de acolhimento, purificação, edificação e consolação entre os filhos de nosso Pai Celestial.

A obediência na caridade fraterna
O significado etimológico da palavra “obediência” é: ouvir com o coração, ouvir profundamente, ou seja, ouvir com amor. A base bíblica do juramento de obediência é a relação de amor que existe entre Deus e os seres humanos, através do chamado à vida religiosa, é o encontro de dois amores, Deus chama por amor, e o chamado é respondido com amor.

A obediência só faz sentido a partir da fé. Toda obediência tem a ver com discernimento, porque obediência é o abandono dos projetos pessoais para levar em conta o projeto corporativo, por isso é necessário ver a vontade de Deus na voz do superior (cf. Cânon 601). No Getsêmani, Jesus obedeceu completamente à vontade do Pai, colocando sua vontade em segundo plano. Meu pai, se possível, deixe este cálice me deixar. No entanto, não como eu desejo, mas como você deseja.

Toda obediência tem a ver com autoridade. A autoridade na igreja é uma missão nobre e nobre, desde que seja exercida como serviço altruísta e não como ambição. Todas as autoridades religiosas estão associadas a uma comunidade. A primeira é obedecer ao Espírito Santo com uma atitude de escuta e discernimento constantes. Assim, a obediência da congregação religiosa passa as regras. Essas regras não estão mortas, mas dadas pelo Espírito Santo de Deus.

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